Companhia Livre

A Cia. Livre é coletivo teatral, com atividades constantes desde 1999. Sua sede, a Casa Livre, é um Espaço Cultural localizado na Barra Funda, onde são realizadas apresentações teatrais, ensaios da Cia Livre e de outros coletivos parceiros, oficinas, encontros, palestras , pesquisas e compartilhamentos de processos criativos.

Site: http://www.cialivre.org.br

E-mail: companhialivre@gmail.com

Telefone Público: (11) 3257-6652

Descrição

A Cia. Livre trabalha coletivamente desde 1999, desenvolvendo uma práxis teatral cujo cerne reside na criação de processos de estudo, pesquisa e criação abertos ao público, o que resulta na participação ativa dos espectadores durante as investigações e, consequentemente, nos espetáculos.
Outra característica fundamental de sua prática teatral é a parceria com outros grupos de teatro, na pesquisa de linguagem cênica e na criação de processos colaborativos e de espetáculos. Seu primeiro projeto, intitulado Estudo Público das Tragédias Cariocas - contou com a participação de quatro grupos convidados, em parceria com a Cia. Livre, para a realização de leituras encenadas, que por sua vez deram origem aos dois primeiros espetáculos da Cia. Livre (Toda Nudez Será Castigada e Os 7 Gatinhos) e à montagem de Boca de Ouro, do Teatro Oficina.
Em 2004, ano em que ocupou o Teatro de Arena Eugênio Kusnet, a Cia. Livre amadureceu sua prática como coletivo de teatro, estabelecendo parcerias com uma pletora de grupos convidados e artistas de várias gerações. Foram quatro projetos realizados em cooperação: Arena Mostra Novos Dramaturgos, Arena Porto Aberto, Arena Conta Arena 50 Anos e Arena Conta Danton.
A partir das dificuldades enfrentadas em 2005, quando saiu do Teatro de Arena sem destino certo, a Cia Livre compreende a importância de um espaço que congregue pesquisa e prática, aprofundando seu ideário estético e proporcionando maior capilaridade com a cidade de São Paulo. Em 2006, a Cia. Livre muda-se para a sede da Rua Pirineus 107, na Barra Funda, onde inicia o projeto de estudo público Mitos de Morte e Renascimento [Povos Ameríndios]. A antropologia passa a ser parceira, e a antropofagia torna-se um tema central e, ao mesmo tempo, modus operandi do Grupo, resultando no espetáculo VEM VAI – O Caminho dos Mortos (2007/2009).
Em 2008, com o apoio do Programa de Fomento para a Cidade de São Paulo, a sede é transformada em espaço público, o espaço cultural Casa Livre. Em 2009, inaugura-se a CASA LIVRE, com o Estudo Público Teatro e Rito, que deu origem à peça Raptada pelo Raio, livre recriação sobre o mito Kaná Kawã, do povo Marubo.
Na Casa Livre, desde então, vem se estabelecendo uma prática de troca de procedimentos artísticos e parcerias na criação de espetáculos com outras companhias teatrais: Bruta Flor (2009, com o Núcleo Bartolomeu de Depoimentos), Madame B (2013, com a Cia.São Jorge de Variedades), Ancestralidade no Corpo e Xapiri, Xapiripë - Lá Onde a gente dançava sobre Espelhos (2012, 2013 e 2014, com a Companhia Oito Nova Dança), e O Idiota, Pais e Filhos e Na Selva das Cidades (2010, 2012, 2014, com a mundana companhia).
Quando completou dez anos de existência, foi idealizado o PROJETO CIA LIVRE 10 ANOS, em que retomou-se o repertório da Cia.Livre e suas parcerias históricas, na OCUPAÇÃO CIA LIVRE 10 ANOS (estudos de processo, exposições, leituras encenadas, palestras e mesas redondas), realizada no TUSP - Teatro da Universidade de São Paulo. Esse projeto teve por objetivo contextualizar a trajetória do grupo em relação à sua geração e ao movimento de teatro de grupo da cidade de São Paulo, inspirando a edição do livro CIA LIVRE: EXPERIMENTOS E PROCESSOS 2000/2011.
Em 2011, foi a vez do ESTUDO PÚBLICO AFRICA BRASIL, sobre o processo histórico do tráfico negreiro (aberto ao público), que deu impulso aos dois anos seguintes, voltados para a construção dramatúrgica, montagem e temporada de A Travessia da Calunga Grande.
No acúmulo dos anos, o conflito entre pesquisa criativa continuada e as demandas de produzir, gerenciar e administrar projetos cada vez maiores gerou uma crise; situação que chegou ao seu clímax durante os dois anos do Programa Petrobras Cultural, quando a ideologia da produtividade dos mecanismos de financiamento impôs-se, e o grupo se viu à mercê da burocratização que circunda as leis de incentivo. Foram três anos para realizar o projeto (2010/2011/2012), que levaram a uma indagação mais profunda sobre o trabalho e a forma de fazer teatro. Sob o peso de custos contínuos de manutenção da sede, lutou-se por manter o espaço, enquanto os métodos de produção foram revistos, em busca da "menor grandeza".
Um caminho adveio da prática pedagógica, com a construção e abertura do curso de introdução ao teatro para a comunidade da vizinhança da Casa Livre - Aqui ao Lado, coordenado por Edgar Castro, e com a execução do projeto piloto do Festival Pé Dentro, Pé Fora, abrindo a CASA para grupos teatrais oriundos das universidades em cursos de profissionalização.
Em setembro de 2014, a Cia. Livre teve sua importância artístico-cultural e inserção na cidade de São Paulo reconhecidas pelo Compresp, recebendo o Certificado de Patrimônio Cultural Imaterial da Cidade de São Paulo, ao lado de outros 21 grupos teatrais atuantes na capital paulista.
A experiência da crise foi traduzida no tema central do projeto seguinte, DO MATO AO ASFALTO - Invenções Cênicas da Cia. Livre sobre Subjetividades Móveis, Corpos em Transformação e a Cidade de São Paulo, contemplado pela 24a. edição do Fomento, cujo tema foi o deslocamento de posições e as mutações do corpo (individual e coletivo), envolvendo o contexto social e a cidade. No projeto, materializou-se o desejo de estabelecer um território de ação a partir de um diálogo mais afetivo e efetivo com o entorno – a cidade de São Paulo e a Barra Funda (endereço da sede) – e com outros coletivos, parceiros no percurso e luta.
Nasceram ali dois espetáculos sínteses do processo, Cia. Livre Canta Kaná Kawã (reconstrução do repertório da Cia.) e Maria que virou Jonas ou a Força da Imaginação, ao lado de outras ações. As duas peças irmanam-se no questionamento à antítese igualdade/diferença, propondo um olhar mais atento para a mobilidade das identidades e o poder transgressor da imaginação e do desejo. Cia Livre Conta Kaná Kawã foi apresentado na Casa Livre, enquanto Maria que virou Jonas circulou pela cidade (apresentando-se no SESC Belenzinho, no TUSP, nos CEUs, no Itaú Cultural e na SP Escola de Teatro) e pelo Brasil (nos Festivais de Santos e Recife). O grupo ainda realizou uma ocupação no TUSP e lançou a publicação Caderno Livre Maria que virou Jonas, ou a Força da Imaginação, entre 2015 e 2016.
Ao final do projeto, novos procedimentos de trabalho haviam sido inventados; foi retomado o treinamento específico dos atores, em parceria com a direção; esboçaram-se modelos de criação dramatúrgica inusitados e surgiram pontes entre os espaços-corpos do grupo (Cia. Livre e Casa Livre) e os vários corpos sociais, políticos e econômicos que seus integrantes constituem, rompendo o isolamento.
Depois de dez anos na Rua Pirineus 107, a sede histórica do grupo foi fechada, diante dos cultos altos dos aluguéis na região. O encontro de um novo endereço e de novos companheiros de trabalho criativo e luta mostrou-se premente, a fim de fortalecer as redes desenhadas nos últimos processos. A convite da Nia Produções, a Cia Livre realizou Galileu Galilei, apresentado em 2015 e 2016, e em nova parceria com a mundana companhia, Dostoievski Trip, texto do russo Vladimir Sorókin encenado pelo CCBB em comemoração ao aniversário da Revolução Russa, em cartaz em 2017 e 2018.
Com o apoio da 29a. Edição da Lei de Fomento, o coletivo voltou-se em 2018 para o estudo da obra de Bertolt Brecht e dos procedimentos de trabalho formulados em torno do teatro épico-dialético. Um novo projeto foi concebido e realizado, REVOLTARE – ensaios sobre o Teatro épico dialético em busca de ilhas de insurgências, subversões e outras expressões da liberdade, constituindo um processo de aprendizagem que resultou na leitura encenada de cinco textos do autor alemão (“Baal”, “Os Horácios e Os Curácios”, “Um Homem É Um Homem”, “Santa Joana dos Matadouros” e “A Resistível Ascensão de Arturo Ui”), além da estreia de espetáculo inédito, Revoltar, memória de ilhas e de revoluções, dirigido por Vinícius Torres Machado e escrito por Dione Carlos, a partir do livro de Renata Pallottini. Revoltar estreou em São Paulo em Março de 2018, no CCSP - Centro Cultural São Paulo, e fez temporada a seguir, no Galpão do Folias. Os projetos Festival Pé Dentro-Pé Fora e Aqui ao lado receberam novas edições, favorecendo jovens artistas e grupos em formação.
O projeto seguinte da Cia Livre foi desenvolvido em etapas, a partir de início de 2019, com o apoio do Prêmio Zé Renato e em parceria com a Cia 8 Nova Dança, dirigida de coreógrafa e pesquisadora do movimento Lu Favoretto. A primeira fase, de estudo da peça didática de Brecht “Os Horácios e os Curiácios”, foi apresentada no Museu Paulista, na ocupação proposta pelo grupo em parceria com o SESC, que recebeu o título de Morte e dependência na terra do Pau Brasil, no mês de abril de 2019. Na segunda fase, depois de estrear Os Um e os Outros (adaptação das duas cias para Brecht) no Sesc Pompeia, em agosto de 2019, uma nova temporada ocorreu no TUSP, em outubro do mesmo ano.
Na peça, concebida pela diretora Cibele Forjaz, os Curiácios são o povo dos Um, que acredita que sua cultura é universal, enquanto os Horácios são os Outros, ou todos os múltiplos povos, que defendem a diversidade dos modos de existência. Para tecer esse diálogo entre a história escrita por Brecht e a luta dos povos ameríndios no Brasil contemporâneo, as duas companhias contaram com a participação de artistas colaboradores e a presença especial de convidados do povo Guarani M’Bya - moradores da Terra Indígena Tenondé-Porã, em Parelheiros, multiplicando os pontos de vista da encenação. O espetáculo, que mescla teatro, música, dança e projeção de imagens, continua no repertório do grupo.

Vídeos

Galeria

evento entre e Baixar Planilha